O começo deste trabalho genealógico

    Este trabalho tem o objetivo de dar honra a nossos pais.

    Não é um culto aos antepassados, mas uma forma de prestarmos nossa homenagem a quem merece.

 

    Diz a palavra de Deus em Êxodo, 20:12 - "Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR teu Deus te dá."

 

    É o quarto mandamento da Lei de Deus: "Honrar pai e mãe".

    Comecei a tentar montar nossa árvore genealógica juntando informações dos familiares, já no início dos anos 80.

    Em 1982, meus dois filhos mais velhos (que ainda eram jovens) foram estudar inglês na Grã-bretanha, por meio de um desses programas do tipo "estude inglês na Inglaterra", que ainda hoje existem.

    Em Bournemouth, onde faziam o curso, conheceram jovens de outros países que lá também faziam o mesmo curso. Terminados os estudos, os amigos mais chegados fizeram-lhes convites a visitar a casa deles. Telefonaram-me e autorizei. Foram à Suiça, França e, uma vez na Itália, pedi-lhes que passassem por Reggio Emilia e, no catálogo telefônico do hotel, procurassem nosso sobrenome e, se possível, conversassem com pessoas do mesmo sobrenome, para saber se eram nossos parentes.

    Foram a Reggio Emilia, cidade onde nascera meu avô Domenico, conversaram por telefone e, depois, visitaram Annamaria, cuja mãe Gianna era nora de Riccardo. Naquela ocasião, Gianna contou-lhes que, antes da segunda guerra mundial, vindo do Brasil, um primo do sogro dela estivera lá e conversara longo tempo com Riccardo que o reconheceu e lembraram-se de fatos do passado.

    Quando voltaram para casa, relataram-me tudo e me trouxeram o endereço de Annamaria, a quem escrevi, agradecendo a maravilhosa acolhida a meus filhos e toda a gentileza com que foram tratados. Na carta, solicitei informações para compor nossa árvore genealógica. Ela me respondeu, em 02/03/1984, expressando muita alegria e gratidão pelo encontro. Na resposta, ela me disse que era casada e tinha duas filhas, uma de 19 anos e outra pequena, de oito anos. Disse também que, na semana seguinte, iria chamar um primo dela que tem toda a árvore genealógica da família e logo me enviaria tudo o que pudesse saber.

    Algum tempo depois, ela me passou o nome e o endereço desse primo dela, a quem escrevi. Respondeu-me, dizendo que não estava em condições de estabelecer o parentesco que eu dizia haver entre nós; que ele mesmo havia feito a árvore genealógica. Disse que sua mãe, que era a única filha viva de Riccardo, mesmo vivendo na África, ela viajava à Itália e contou a ele que, em 1939, estivera em Reggio Emilia um primo de Riccardo visitando-o. A mesma história que Gianna contara.

    Esse mesmo primo de Annamaria, que também residia na África, voltou a Reggio em 1964 e conversou com Riccardo, avô dele que ainda era vivo, perguntando-lhe alguma coisa da família e que essa alguma coisa era muito pouco. Afirmou que temia que a tia dele, Gianna, tivesse confundido as famílias Lusvarghi e Canori (avós desse primo de Annamaria), na qual tinha muitos Garibaldini, alguns dos quais fugiram para a América porque eram anarquistas(*) e que, somando tudo isso, ele podia dizer muito pouco sobre os Lusvarghi.

    Disse ainda que o sobrenome é limitado à região da Emillia e eles mesmos eram de origem de Rubiera. Contou, também, que o tio dele de nome Giuseppe, nome de grande estilo, dizia que os Lusvarghi descendiam de uma ramificação italiana de uma família húngara e também dizia que o sobrenome significava "castelo dos fortes". Esse primo de Annamaria afirmou que não conseguiu estabelecer se isso corresponde à verdade. "O sobrenome com certeza não é italiano, mas do centro da Europa, Hungria ou Tchecoslováquia (da época), e também é verdade que os Lusvarghi são nômades", disse ele.

    A meu pedido, ele deu a descrição física dos Lusvarghi que ele conheceu assim: - "A altura é incomum, os olhos um poucos saltados, olhos verdes ou azuis."

    Disse, mais, que os Lusvarghi são uma bonita raça e, quando não bonitos, eles têm um grande estilo, uma fineza de trato inata, aquela que os franceses definem como "racé". Disse que seu avô tinha conseguido uma grande fortuna nos anos 20. Eles eram senhores quando havia poucos senhores, mas não soube solidificar e manter aquela fortuna, mas que isso é o destino. Ele acreditava que não se trata de uma família com muita sorte. "Nosso grande orgulho e nossa sensibilidade excessiva sempre jogam contra nós", afirmara ele.

    Verifiquei a árvore genealógica que ele me mandou, um esboço manuscrito com muitos pontos de interrogação em nomes e datas. Conclui que, realmente, dos Lusvarghi ele sabia muito pouco (e eu também).

    Diante do meu fracasso em conseguir informações com os familiares, passei a procurar nos arquivos dos Mormons. Eles têm, em micro-fichas, um enorme arquivo de nascimentos, casamentos e falecimentos de pessoas do mundo inteiro e, mediante o pagamento de uma cômoda quantia, pode-se consultar esse arquivo à vontade. Infelizmente, também não consegui grande coisa.

    Em agosto de 1987, contratei os serviços de um profissional em genealogia, o senhor Hélio de Sá Lobo, daqui mesmo de São Paulo, capital, que levantou o que podia e me entregou o trabalho um ano depois. Estava melhor do que eu conseguira, mas ainda faltava muita coisa.

    Continuei perseguindo a idéia. Consultei registros públicos, centro histórico do imigrante, controles governamentais, cléricos e tudo mais que pudesse me trazer alguma informação nova. Nada. E, pior, compreendi que pessoas de mesmo sobrenome, residentes em outros países, quando procuradas por pessoas de sobrenomes iguais aos seus, têm a tendência de suspeitar que estão à procura de alguma herança perdida ou oculta. E nunca foi nada disso que procurei. Eu procurava encontrar a história da família, mas não conseguia. Em três ocasiões que estive na Europa, fui até a Itália e procurei nos registros públicos, catálogos telefônicos e outras fontes, mas quase nada conseguia. Após aquela "descoberta", desisti. Parei tudo, coloquei a "papelada" no fundo de uma gaveta chamada esquecimento.

    Muito mais tarde, com o advento da internet, pesquisei de novo tudo que era possível por esse meio. Foi aí que as coisas começaram a clarear. Passei a encontrar registros e informações a que nunca antes tivera acesso. Até softwares destinados a construir árvore genealógica encontrei e testei vários. Os computadores já me eram familiares desde 1984, mas submeti-me a cursos de webdesign e outros, de modo a me deixar pronto para a consecução do objetivo a que me propunha há tanto tempo e fui aperfeiçoando o processo. Vez por outra, apareciam novas informações. Diversos sites internacionais começaram a tornar possíveis e disponíveis cada vez mais e mais informações até que, em 2004, consegui construir, de forma estruturada, nossa árvore genealógica. Contratei um provedor e publiquei-a na internet.

    Os parentes e afins, entrando na página da internet, começaram a enviar novos dados, fotos e relatos que eu desconhecia. Coloquei-os, todos, no site. Está tudo lá.

    Bem, este é um relato fiel, embora resumido, de tudo o que ocorreu a respeito de nossa árvore genealógica. O que aconteceu daí para frente vocês já sabem. Está no site.

    Contei tudo isso porque , com a graça de Deus. Não sei quanto tempo mais Ele me reserva na terra. Pelo menos, consegui atingir o objetivo a que me propunha com tanto empenho. E, melhor, agora vocês já estão a par de tudo. As informações que nunca estiveram disponíveis a todos agora estão aqui na nossa webpage. Para mim valeu. E muito. Sinto-me realizado. Vocês podem pensar: ah, setenta e dois anos não é muito. É, pode ser verdade, mas meu avô Domenico morreu com 75 anos; meu pai Paulo morreu com 73 anos. Se a proporção continuar...

     Lastimavelmente, porém, meu filho mais velho, Luiz Octavio (e minha nora Sofia, esposa dele) e meu filho mais novo, Paulo Henrique, já se foram antes de mim. Ah, Senhor meu Deus, que tragédia. Eu os amei tanto... e ainda amo.

Obrigado, pessoal.

(*) Anarquista = pessoa partidária do anarquismo,  teoria política fundada na convicção de que todas as formas de governo interferem injustamente na liberdade individual, e que preconiza a substituição do Estado pela cooperação de grupos associados. (Dicionário Aurélio Sec. XXI)

06/02/2011